Resfriamento de precisão em IA: o que a manufatura aditiva dos semicondutores pode ensinar Por Scott Green — 15 de outubro de 2025 Introdução O avanço da inteligência artificial (IA) trouxe consigo uma pressão inédita sobre a infraestrutura de data centers. O aumento da densidade de potência, o uso massivo de GPUs e a demanda por alta performance colocam o gerenciamento térmico no centro das estratégias de engenharia de TI. Mas há um setor que domina a arte do controle térmico há décadas: a indústria de semicondutores. Ao observar o modo como o setor de equipamentos de capital de semicondutores (semicap) utiliza a manufatura aditiva (MA) para alcançar resfriamento de alta precisão, emerge um modelo que pode transformar a forma como projetamos e operamos infraestruturas de IA. Essa convergência entre manufatura de chips e data centers inteligentes representa mais que uma curiosidade tecnológica — é uma nova fronteira de eficiência e estabilidade operacional. Este artigo explora como os princípios de resfriamento e design térmico dos semicondutores podem ser aplicados à infraestrutura de IA, oferecendo um panorama técnico e estratégico sobre o futuro do gerenciamento térmico de precisão em ambientes de alta densidade computacional. O problema estratégico: calor como gargalo da evolução da IA A expansão acelerada das aplicações de IA, especialmente nos últimos 24 meses, criou um novo tipo de infraestrutura: o data center orientado à IA. Nele, os clusters de GPUs exigem uma densidade de potência por rack muito superior à de infraestruturas tradicionais, elevando os desafios de dissipação térmica a níveis críticos. Essa pressão térmica não é apenas uma questão de eficiência energética. O superaquecimento impacta diretamente a estabilidade do sistema, reduz a vida útil dos componentes e impõe limites à escalabilidade. À medida que os dies se tornam mais complexos e as velocidades de clock aumentam, o controle de temperatura passa de um detalhe de engenharia para uma variável estratégica de negócio. Em essência, o calor tornou-se o novo gargalo da inovação em IA. Organizações que não enfrentarem esse desafio com soluções precisas de engenharia térmica arriscam reduzir drasticamente o retorno sobre investimento (ROI) em infraestrutura de computação acelerada. Consequências da inação Ignorar a gestão térmica de precisão é comprometer a performance e a resiliência de toda a operação. Sistemas de resfriamento convencionais, baseados em ventoinhas e trocadores de calor genéricos, foram projetados para cargas distribuídas — não para clusters de IA com consumo energético e densidade térmica concentrados. O resultado é uma espiral de ineficiência: mais energia gasta em refrigeração, ciclos de manutenção mais curtos e degradação progressiva dos componentes. Em data centers que operam 24×7, uma pequena variação térmica pode representar milhares de dólares em perdas anuais de eficiência e desgaste prematuro de GPUs. Além do custo direto, há o impacto indireto na confiabilidade operacional. O controle térmico impreciso aumenta o risco de falhas intermitentes, acelera o envelhecimento de interconexões e reduz o desempenho sustentado em aplicações críticas de IA, como inferência em tempo real ou treinamento de modelos de larga escala. Fundamentos da solução: aprendendo com os semicondutores O setor de semicondutores domina há décadas o gerenciamento térmico de alta precisão. Máquinas de litografia, deposição e gravação operam em margens minúsculas, onde vibração e variação de temperatura de milésimos de grau podem comprometer um lote inteiro de produção. Para lidar com esse desafio, a indústria de semicap adotou a manufatura aditiva (MA) como pilar central de inovação. Essa abordagem permite projetar e fabricar sistemas de resfriamento sob medida, otimizados para geometria, fluxo e transferência de calor. Ao contrário de componentes convencionais, os trocadores de calor produzidos via impressão 3D permitem controle preciso do fluxo de fluidos diretamente pela forma física do componente. Em vez de depender de coletores ou válvulas externas, a própria estrutura interna — definida digitalmente e produzida em metal — direciona o fluxo térmico de maneira eficiente. Essa filosofia de design orientada pela geometria abre novas possibilidades para o resfriamento líquido e a dissipação térmica em larga escala, essenciais para data centers de IA. Implementação estratégica: manufatura aditiva aplicada ao resfriamento de IA Na infraestrutura de IA, o uso da manufatura aditiva em sistemas de resfriamento possibilita criar circuitos paralelos e independentes dentro de uma unidade de distribuição de refrigerante (CDU). Essa configuração descentralizada permite o balanceamento térmico dinâmico entre múltiplos trocadores de calor compactos, cada um ajustável conforme a demanda em tempo real. Ao integrar telemetria de GPU e sensores de temperatura, a CDU pode monitorar e redistribuir o resfriamento de forma inteligente. Isso reduz significativamente o desperdício energético, além de permitir a personalização do gerenciamento térmico conforme a carga de trabalho. Esse nível de controle é análogo ao gerenciamento térmico ativo já praticado nas máquinas de produção de chips, agora transposto para o ambiente do data center. Outro aspecto relevante é o avanço nos processos de manufatura. Técnicas como a Laser Powder Bed Fusion (LPBF) — fusão a laser em leito de pó — já permitem a fabricação de peças metálicas com quase 100% de densidade, eliminando antigos problemas de porosidade e tornando a impressão 3D de metais viável em escala industrial. Ligas de alumínio, aço inoxidável e titânio são amplamente utilizadas, com desempenho térmico e mecânico comprovados. Resfriamento paralelo e geometria otimizada O conceito de resfriamento paralelo em massa, habilitado pela geometria interna das peças impressas, oferece ganhos significativos. Em vez de canalizar o fluido de forma sequencial, como nos sistemas tradicionais, a manufatura aditiva permite distribuir o fluxo simultaneamente entre múltiplos canais microestruturados, otimizando a transferência de calor e reduzindo gradientes térmicos. Essa arquitetura elimina pontos quentes e aumenta a uniformidade térmica, um requisito essencial para manter a integridade de GPUs de alta densidade. O resultado é uma infraestrutura de IA mais estável, capaz de operar em regimes contínuos e sustentados de alta performance. Melhores práticas avançadas: engenharia de materiais e design térmico inteligente O material escolhido define não apenas a eficiência térmica, mas também a durabilidade e o custo de manutenção do sistema. Ligas de cobre e alumínio continuam predominantes, mas OEMs já exploram o


















